6 ESTRATÈGIAS PARA O EXAME ULTRASSONOGRÁFICO PERFEITO

Tempo de leitura: 6 min

Escrito por adriana
em 7 setembro, 2020

O exame ultrassonográfico abdominal é um exame que tem capacidade de responder muitas dúvidas e é uma peça importante de um grande quebra-cabeças que o clínico precisa montar. Cabe a você, ultrassonografista, desenhar e moldar a peça do quebra-cabeça da maneira mais perfeita possível para que ela se encaixe nas outras peças. 

Mas pra isso, você precisa conhecer as outras peças. Veja abaixo 6 estratégias para deixar o seu exame cada vez mais perfeito!

Seja um investigador ativo

Algumas coisas a gente consegue ver diretamente no momento do exame. 

A espécie do paciente, a raça, o gênero, temos uma idéia da idade e do peso (melhor seria se essa informação já viesse na requisição, mas nem sempre é assim). Tudo isso já vai te ajudando a pensar nas patologias mais prováveis.

Já alguns outros detalhes, nós mesmo precisamos investigar. 

Por exemplo, é importante conhecermos aspectos como:

  • O paciente passou por alguma cirurgia (é castrado ou não? Já retirou algum órgão como o baço? Já teve corpo estranho? Ja retirou alguma litíase?)
  • O paciente passou por algum procedimento invasivo, especialmente mais recentemente? Alguns exemplos são sondagem uretral, cistocentese, punções, drenagem de efusões, administração de soro no subcutâneo, entre outros. 

Essas informações podem poupar muito tempo. Assim, se encontrarmos algo estranho que possa ser consequência de algum desses procedimentos, não perdemos tempo tentando entender o que houve (exemplo, gás no lúmen da bexiga logo após sondagem, fluido no líquido subcutâneo, etc).

cachorro comendo ossinho

Também ajuda se a gente souber o tipo de alimentação que o paciente recebe. Quando foi a última refeição? Tudo isso vai influenciar o que estamos vendo no trato gastrointestinal.

Seria bom saber se o paciente está apresentando hábitos diferentes. Ele come objetos estranhos? Está tomando muita água? Está urinando fora do local habitual?. Todas essas informações nos ajudam a ter um pensamento e raciocínio crítico ao avaliar o abdômen do paciente. Portanto, faça perguntas! Você também tem direito de fazer uma anamnese!

 

Faça “um exame físico”

Além das perguntas investigativas (anamnese), o bom ultrassonografista já faz também um exame físico básico.

Ao posicionar o paciente, você já pode palpar alguns linfonodos, levantar a cauda e observar o escroto ou vulva e a região perineal. Observe as secreções. Observe a simetria do abdômen. Durante a varredura, você vai poder sentir regiões mais tensas (onde o paciente sente dor), regiões mais duras, pode sentir massas.

Não esqueça de olhar a região inguinal, a região umbilical, as cicatrizes cirúrgicas, presença de hematomas. Olhe os locais onde mais comumente observamos hérnias. Essa palpação do abdômen pode te ajudar muito a entender o que está acontecendo.

Aliás, muitas vezes é o ultrassonografista que nota essas alterações, antes mesmo do clínico. E isso pode ser descrito na última parte do seu relatório (para mais detalhes sobre como fazer um bom relatório, sugiro o curso de elaboração de relatórios ultrassonográficos). 

 

Faça um check-list

check list

Além da anamnese e do exame físico,  precisamos ter uma sequência lógica a ser avaliada. Crie o seu check-list (seja ele escrito ou mental). 

Então, sempre que fizer a varredura abdominal, procure fazer da mesma forma. Isso vai te ajudar a nunca esquecer de nada. Eu por exemplo, sempre começo pela bexiga. Mesmo se a suspeita seja em outro órgão. E sigo minha avaliação de forma anti-horária. Observe os órgãos por completo, faça a varredura de cada órgão de uma extremidade a outra em pelo menos duas posições (no eixo longo e no eixo curto). Faça imagens nesses dois eixos.

Segue aqui um exemplo de um check-list do exame abdominal:

 

  • Avaliar a bexiga no eixo longo de lado a lado, medir a parede
  • Avaliar a bexiga no eixo curto de ápice até uretra 
  • Avaliar uretra e trígono
  • Fazer balotamento para observar sedimentos
  • Se macho: avaliar prostata
  • Se fêmea: avaliar corpo uterino ou região de coto
  • Avaliar cólon descendente, porção final, medir parede
  • Avaliar região cranial a bexiga e região de trifurcação 
  • Avaliar linfonodo ilíaco medial esquerdo
  • Subir avaliando região de corno uterino esquerdo/ovário esquerdo
  • Avaliar Rim esquerdo em eixo longo, fazer medida de rim 
  • Avaliar rim esquerdo em eixo curto, fazer medida de pelve renal, avaliar ureter
  • Avaliar adrenal esquerda, medir
  • Medir aorta e avaliar lúmen dos grandes vasos
  • Avaliar baço
  • Avaliar cólon descendente perto do baço
  • Avaliar intestino delgado e linfonodos jejunais
  • Avaliar e medir ramo esquerdo do pâncreas
  • Avaliar e medir estômago (linfonodo gástrico, se visível)
  • Avaliar fígado pela janela subxifóide
  • Avaliar fígado pela janela intercostal
  • Avaliar e medir vesícula biliar e ductos biliares
  • Avaliar veia cava caudal e veia porta (linfonodo hepático, se visível)
  • Avaliar e medir adrenal direita
  • Avaliare medir rim direito (longitudinal e transversal, pelve renal e ureter)
  • Avaliar e medir duodeno
  • Avaliar e medir corpo e ramo direito de pâncreas
  • Avaliar topografia de ovário direito e corno uterino direito
  • Avaliar grandes vasos e linfonodo ilíaco medial direito
  • Retornar ao meio do abdômen, avaliar com mais detalhe e medir parede do intestino, mesentério, linfonodos
  • Avaliar testículos e região perineal
  • Avaliar uretra peniana
  • Avaliar outros detalhes (ex. Mama, linfonodos inguinais, hernias, etc…)

 

Seja dinâmico

Aproveite o dinamismo do exame ultrassonográfico.

Se a bexiga está vazia, você pode fazer todo o exame e aguardar um pouco até ela ficar repleta. O oposto pode ser necessário. Se a bexiga está muito cheia, após avaliação, libere o tutor para levar o paciente até que urine e repita uma parte do exame.

Observe o peristaltismo com calma. Mude o decúbito para alterar a posição dos gases. Ofereça água para avaliar melhor o lúmen do estômago. Se o cólon está cheio e você tem dúvidas se é cólon ou útero, observe se o paciente consegue defecar para que você avalie novamente e observe as fezes.

Caso necessário e o tamanho do paciente permita, você pode fazer toque retal durante o exame. Se está com dúvida se há litíase na bexiga, mude o decúbito e observe a movimentação da litíase.

Seja proativo e estratégico! Pense nas possibilidades e no que você pode fazer para solucionar alguma dúvida. Muitas vezes, basta o paciente sair e caminhar por 5 minutos e tudo pode ficar mais claro. Os órgãos se movimentam e você também dá tempo ao cérebro para repetir com mais clareza. 

Não tenha pressa!

O seu exame vai ficar mais rápido com o tempo. Mas tem situações em que precisamos avaliar algumas estruturas com mais detalhe. Muitas vezes sentimos a pressão do tutor que acha que o animal está desconfortável e quer que o exame acabe logo. Se for necessário, peça que ele se retire e faça seu exame com calma. Você pode mudar o posicionamento. Alguns animais ficam mais confortáveis em outras posições. Aprenda métodos alternativos de relaxamento para seu paciente. Utilize óleos essenciais, ambiente tranquilo, luz baixa, dentre outros.

 

Conte com a ajuda de colegas da área

No Ultrassonografia Club, você pode compartilhar seus casos e dúvidas e obter opiniões dos colegas. Mas independente de onde você está buscando ajuda, seja profissional e educado na hora de pedir ajuda e na hora de ajudar. Assim como você precisa de informações para ter um resultado melhor, seus colegas que estão opinando também vão pensar melhor se souberem todos os detalhes do caso.

Lembre-se de fazer vídeos para obter ajuda. O ultrassom é dinâmico e imagens estáticas podem induzir ao erro.

E por último, não tenha vergonha de aprender. Todo mundo tem dúvidas em algum momento do aprendizado. Além das dúvidas, compartilhe também seus casos interessantes. Assim, quando alguém tiver um caso parecido, vai ter um raciocínio mais rápido pois já viu algo parecido.

 

Espero que essas dicas e estragégias tenham te ajudado a enxergar o exame com outros olhos. 

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