Platinossomose felina

Tempo de leitura: 2 min

Escrito por adriana
em 15 abril, 2018

Alterações hepáticas são muito comuns na rotina ultrassonográfica de felinos e os diagnósticos diferenciais são diversos. Mas um dos detalhes que aparece de vez em quando é o histórico de que o paciente gosta de caçar lagartixas.

E aí? O que temos que pensar quando falamos em gatos e em lagartixas? Esse gato pode estar infectado por Platynosomum spp. que é um trematódeo de ductos biliares e vesícula biliar.

O ciclo de infeccão desse trematódeo é incrível e complexo. O gato infectado libera ovos nas fezes. Moluscos como caramujos e lesmas se infectam com esses ovos, liberam esporocistos II pelos poros respiratórios, no ambiente esses esporocistos vão produzir cercarias que são ingeridas por isópodes terrestres. A lagartixa pode se infectar tanto com o esporocisto II ou ingerindo esses coleópteros. As metacercárias ficam na vesicula biliar desses hospedeiros intermediários (lagartixa, sapo). Quando o gato come a lagartixa, essas metacercárias migram da papila duodenal menor até a vesícula biliar.

O tamanho do Platynosomum spp na via biliar do gato varia de 2.9 a 6.7mm de comprimento e 0.9 a 1.7 mm de largura. O gato pode ter muitos parasitas e ainda assim ficar assintomático. Ou quando muito infectado, apresentar letargia e perda de apetite. Com a progressão da doença, pode haver estase biliar e até obstrução, icterícia, diarréia mucosa, dor abdominal. A obstrução pode ocorrer pelos parasitas ou pela fibrose de ductos biliares; pode haver colangite e abcessos hepáticos.

Um estudo realizado no Rio de Janeiro tentou encontrar as alterações ultrassonográficas características em animais infectados. Avaliou tamanho e ecogenicidade hepática, ecogenicidade e espessura da parede da vesícula biliar, presença de sedimento na bile, dilatação de ductos biliares. O estudo não conseguiu mostrar diferença significativa entre os achados ultrassonográficos entre o grupo que não eliminou ovos nas fezes e no grupo com eliminição de ovos.  Porém, eles ressaltaram que a sensibilidade do exame coproparasitológico não é alta e exames seriados são necessários para detecção de ovos. Por isso, naquele estudo, talvez alguns dos gatos com alterações também estivessem infectados e/ou alguns dos parasitados poderiam ter um número baixo de parasitas e ainda não apresentar alterações.

O que sabemos é que quando há platinossomose, a chance é maior de encontrarmos alterações em mais de uma estrutura (fígado, vesícula e ductos), sendo a distensão da vesícula biliar, espessamento da parede da vesícula e a dilatação e tortuosidade de ductos biliares bastante comuns no parasitismo por Platynosomum spp. e devemos indicar ao clínico que faça avaliação seriada das fezes.

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